Sobre

Assim como no Rio de Janeiro, o contraste entre o urbano e a natureza está presente em nós

Rua João Afonso
Humaitá, Rio de Janeiro

+55 21 9 7449 2731
contato@emescla.com.br

Conheça a história da Leonette, ciclomotor que inspirou nossa coleção-cápsula

Ciclomotor Leonette

Lembram da Leonette? E do clube dos Leonetteiros? Há uma história incrível por trás do criador do primeiro ciclomotor fabricado no Brasil…

 

Na década de 1960, Leon Herzog e seu filho Alex começaram a montar uma bicicleta com motor, iniciando assim, o pioneirismo em fabricação de motocicletas no Brasil.

Curiosidades sobre a vida de seu fundador: Aos 20 anos, em 1939, Leon que era judeu vivia em um dos piores lugares para sua raça: na Polônia. Sua família tinha uma fábrica de bicicletas, até os nazistas invadirem seu país. Em 1942,foram transferidos para o gueto que concentrava os judeus de sua cidade, mas seu pai foi morto pela Gestapo, por se recusar a deixar sua casa. Leon acabou conhecendo os pesadelos do Holocausto.

Para fugir do gueto, Leon arranjou documentos “não judeus” e entrou numa frente de trabalhos pesados até chegar à Alemanha, onde foi trabalhar numa fazenda consertando tratores e máquinas e arando terras. Assim sobreviveu até o final da 2 Guerra Mundial em 1945.

-“A guerra acabou e eu não tinha nenhum parente vivo na Europa” –conta Leon.

Em vez de remoer ao passado, ele adotou uma filosofia de vida:

-“Era para eu estar morto há muito tempo. Tudo que vier daqui pra frente será lucro!”

Encontrou um lar com seu único parente refugiado no Brasil, Bernardo, primogênito da família, que é dono da empresa de produtos químicos B.Herzog. Com isso, Leon voltou aos trabalhos antigos de montar e vender bicicletas, e foi crescendo seu negócio até evoluir para uma fábrica no Cajú, Rio de Janeiro, em 1951, chamada Gulliver.

No pós-guerra europeu, haviam motores 2T a serem adaptados nas bicicletas, da francesa Lavalette, que inspirou Leon a montar, no Brasil, seu primeiro ciclomotor: a Gullivette. Com um desentendimento entre os sócios da B.Herzog, a Gullivette acabou e nasceu a empresa L.Herzog, que começou a fazer as bicicletas Cacique e Roadster. Em uma viagem á Frankfurt, Leon adquiriu moldes de um ciclomotor francês fora de linha, e o adaptou para estampar prensas e quadros de sua fábrica. O motor, a transmissão e cubos de rodas foram importados da Jawa, fabricados na Tchecoslováquia.

Com isso, no final da década de 1960, nasceu a Leonette. O primeiro modelo tinha 2 marchas com seletor no manete e pedais para ajudar o motorzinho de 50cc nas subidas.

Em 1965, o motor tcheco ganhou novo carburador, permitindo que a velocidade chegasse a 50 km/h, e com o tempo, chegou a atingir 80 km/h. Com isso, as Leonettes viraram febre entre os amigos da zona sul do Rio de Janeiro. Formaram-se grupos que se reuniam nos finais de semana para fazerem longos passeios com suas motos de 50cc modernas. O destino era Prainha e Grumari, praias virgens na época. A Barra da Tijuca, que não era urbanizada, deixava o caminho uma aventura entre a galera. Surge assim, o clube dos Leonetteiros. Em 1968, até a guarda municipal do Rio de Janeiro chegou a usar o modelo “Ideal” da Leonette.

A decadência da Leonette começou com a implantação do regime militar no Brasil, que impedia a empresa de adquirir os motores importados de países comunistas, mas acabou a onda mesmo quando o filho de um político faleceu pilotando uma dessas motocicletas.

Existem inúmeras raridades destas motos na internet exibidas em sites especializados, e até mesmo em sites de compra e venda.

Fundador ciclomotor Leonette, Leon Herzog
Fundador ciclomotor Leonette, Leon Herzog

 

In the 1960s, Leon Herzog and his son Alex began to create a motor bike, thus starting the pioneering motorcycle manufacturing in Brazil.  Curiosities about the life of its founder: At the age of 20, in 1939, Leon who was Jewish lived in one of the worst places for his religion: in Poland. His family had a bicycle factory, until the Nazis invaded their country. In 1942, they were transferred to the ghetto that concentrated the Jews of his city, but his father was killed by Gestapo, by refusing to leave his house. Leon ended up getting to know the nightmares of the Holocaust. To escape the ghetto, Leon arranged “non-Jewish” documents and entered a heavy-duty front to Germany, where he went to work on a farm repairing tractors and machines and plowing the land. Thus he survived until the end of World War II in 1945.

“The war is over and I had no living relatives in Europe,” says Leon. Instead of dwelling on the past, he adopted a philosophy of life: “I was supposed to be dead a long time ago. Everything that comes from now on will be a profit! “
He found a home with his only refugee relative in Brazil, Bernardo, the first-born of the family, who owns the chemical company B.Herzog. As a result, Leon went back to the old jobs of creating and selling bicycles, and he grew his business until he moved to a factory in Caju, Rio de Janeiro, in 1951, called Gulliver. In post-war Europe, there were 2T engines to be adapted on bicycles, from Lavalette, which inspired Leon to set up his first model in Brazil: the Gullivette. With a disagreement between B.Herzog’s partners, the Gullivette ended and the L.Herzog company was born, which began to make the bicycles Cacique and Roadster.

On a trip to Frankfurt, Leon acquired molds from an off-line French moped, and adapted it to stamp presses and frames of his factory. The engine, transmission and wheel hubs were imported from Jawa, Czechoslovakia.
With that, in the late 1960s, Leonette was born. The first model had 2 selector gears on the lever and pedals to assist the 50cc engine on the climbs. In 1965, the Czech engine gained new carburetor, allowing the speed to reach 50 km / h, and with time, reached to reach 80 km / h. With this, the Leonettes became a fever among the friends of the south zone of Rio de Janeiro. Groups were formed that met on weekends to make long walks with their modern 50cc bikes. The destination was Prainha and Grumari, virgin beaches at the time. Barra da Tijuca, which was not urbanized, left the way an adventure among friends. Thus arises the Leonetteiros’ club. In 1968, even the municipal guard of Rio de Janeiro came to use Leonette’s “Ideal” model.

Leonette’s decline began with the establishment of the military regime in Brazil, which prevented the company from acquiring imported engines from communist countries, but truly ended when the son of a brazilian politician passed away riding one of these motorcycles. There are numerous rarities of these bikes on the internet displayed on specialized websites, and even on buying and selling sites.

 

Fontes: Motos Clássicas, O Globo