A olimpíada mais sustentável da história trouxe novidades como medalhas feitas de lixo eletrônico, pódio de plástico reciclado e camas de papelão.
Com o lema “Sejamos melhores, juntos – Para o planeta e as pessoas”, os benefícios dos jogos olímpicos de Tóquio foram destinados não apenas aos esportistas, mas também ao meio ambiente, à sociedade e à economia. Desde o começo, o Comitê Olímpico apostou em produzir a olimpíada mais sustentável da história, na qual os atletas subiram em pódios impressos em 3D a base de lixo plástico coletados do mar e de casas japonesas, para receber as medalhas feitas com pequenos componentes eletrônicos reciclados (telefones celulares usados, computadores, tablets, monitores e outros aparelhos antigos ou quebrados recolhidos no Japão), antes de dormirem em camas de papelão.
Um pouco de história: Durante a Segunda Guerra Mundial as medalhas olímpicas deixaram de ser feitas de ouro ou prata maciços. Já a cunhagem das medalhas é de responsabilidade do país anfitrião.
Essas foram apenas algumas das inovações desta edição para atingir seus objetivos de sustentabilidade. O comitê organizador de Tóquio apostou em um evento “além da neutralidade de carbono”, uma meta que cumpriu com a ajuda de créditos de compensação de carbono doados por empresas dos municípios de Tóquio e Saitama, as duas localidades dos Jogos, assim como com a ausência de espectadores devido à pandemia do Covid-19.
“O que vemos é que agora todos estão muito mais cientes de que todos têm um papel a desempenhar na ação climática”, disse Marie Sallois, Diretora de Desenvolvimento Corporativo e Sustentável do Comitê Olímpico Internacional – COI.
Em 2011 uma tragédia, em 2021 uma tocha. O grande ícone dos jogos foi produzido com resíduos de alumínio dos destroços do tsunami de 2011. O revezamento terá como slogan da campanha, “Hope Lights Our Way”, algo como “a esperança ilumina nosso caminho”. Todas as peças foram feitas com alumínio reciclado dos lares temporários feitos para abrigar os japoneses após o desastre. O abalo sísmico de mais de 9 pontos na escala Richter deixou milhares de pessoas desabrigadas e sem energia no país. Além disso, o desastre natural provocou o acidente nuclear de Fukushima.
Moda Consciente X Olimpíadas de Tokyo 2020
À medida que a pobreza extrema no mundo foi se reduzindo desde meados do século passado, assim como os custos de produção das roupas e calçados caíram dramaticamente pós Revolução Industrial (e mais recentemente com a globalização da cadeia de produção), o consumo supérfluo do vestuário explodiu e, como consequência, também seu impacto socioambiental. Do lado ambiental, vale destacar o consumo de água e como essa água retorna ao ambiente. Nessa linha, a indústria da moda (vestuário e calçados) responde por cerca de 8% das emissões globais e consome, aproximadamente, 79 bilhões de metros cúbicos de água anualmente, recurso que é usado, principalmente, na agricultura, no tingimento e na lavagem das roupas.
Nos anos anteriores à pandemia, pontos de coleta de roupas foram distribuídos pelo Japão, para que as pessoas pudessem descartar aquelas peças que talvez estivessem muito gastas para serem doadas. Depois disso, uma multinacional japonesa coletou essas roupas, as transformou em poliéster reciclado e começou a produzir agasalhos olímpicos novos e modernos para a delegação japonesa e para os voluntários. No processo, um corante que exige menos água foi usado, evitando maiores desperdícios.
“Essa iniciativa surgiu para contribuir para o estabelecimento de uma sociedade mais sustentável, alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e suas metas para redução das emissões de gases causadores do efeito estufa até 2030”, informou Daniel Costa, diretor de produtos da empresa que fez a coleta das roupas.
Fonte: O Povo, Pensamento Verde, Época Negócios, Japan House, G1, Agencia Brasil, Forbes, Capricho, Globo Esporte